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Fábio Sampaio
Milton Gomes Coelho

Há três décadas venho trabalhando com oficinas de arte, principalmente com as linguagens das artes plásticas, na maioria das vezes o desenho e a pintura. Essa prática me tornou um grande observador da produção artística e ao mesmo tempo um colecionador de imagens e de projetos artísticos.
Dentro desses inúmeros produtores de imagem e propostas visuais, Fábio Sampaio sempre é uma visita constante, pois ele tem o dom de nos surpreender e de renovar nosso olhar sobre
o mundo.
Na sua proposta Trans(A)parências, ele consegue conectar áreas que normalmente são separadas:casa e rua, vísceras e pele, quadro e objeto. Junta idéias, formas e significados que normalmente estão, na nossa sociedade, bem separados.
Como um colecionador, posso tentar classificar a sua produção e tentar entendê-lo através do campo das aparências e logo vê-se que esse não é um local pacífico. Num mundo de imagens bidimensionais que habitam as telas e os impressos, Fábio nos apresenta uma imagem concreta, na qual ela e a matéria que a forma tornam-se um todo inseparável onde constantemente descobrimos o adesivo, a madeira, o fio; mas, ao voltar para imagem, tudo isso desaparece e surge o simbólico e nem aí paramos, pois ele monta e desmonta os sentidos nos movimentando o tempo todo. Mesmo assim, ficar na faceta “Trans” da sua obra e achar que tudo no final é uma provocação é banalizar o trabalho pois Fábio, ao mesmo tempo em que nos coloca ao lado do espaço urbano ruidoso, cede-nos cadeiras, apresenta-nos os mimos de ser recebido na mais hospitaleira das casas. Ao interagir com sua produção, Fábio nos devolve ao centro onde somos parte de tudo, de cada fragmento coletado por ele e ao mesmo tempo pertencentes a um todo indissociável.

Milton Gomes Coelho
Professor de Artes

FONTE: Catálogo TRANS(A)PARÊNCIA - Ultima Atualização: 28/12/2010

 
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