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VOLTAR A ARACAJU E TE ENCONTRAR
Guel Silveira

É muito bom remexer na gaveta do passado! Esta exposição que faço agora, no mês de Setembro, no espaço Semear, na galeria Jenner Augusto - Que coincidência, logo ele que tantas vezes me trouxe para passar férias e longos períodos na sua terra querida, aliás, como dizia: “a mais horizontal do Brasil”. Horizonte este que tanto transportou para seus quadros. Fazia questão de nos falar da imensidão das planícies da sua terra, da luminosidade do seu céu, das cores no afastamento, do encontro do céu e da terra, obra divina do grande mestre.

Falava dos banhos de rio que, junto com a meninada e o tio, tanto se esbaldava. Falava de Laranjeiras, São Cristóvão, do Mosteiro, do Lagarto de tia Hulda, das favas-égua, das queijadas, dos biscoitos cacetinhos, das pitombas, das feiras, do passeio ao mercado onde comprava suas calças de brim e das famosas sandálias de couro fedorentas que para ele eram puro perfume, das tardes à beira mar, depois sorvete da Cinelândia, melhores que os italianos. Tudo era grandioso.

Os encontros culturais na casa com Freire Ribeiro, visitar o pintor e amigo Florival Santos, que ele tanto brincava, perguntando pelo seu time. Só para ouvir os xingamentos por parte do pintor.

Andar pelas ruas a pé, falar com os moradores, que ao cair da tardinha, logo após o cuscuz, colocavam suas cadeiras na porta de casa para comentar da vida alheia e sentir o tempo passar vagarosamente. Quanta saudade, mas também, tanta alegria... O meu peito se enche de orgulho em saber que, de uma forma muito carinhosa, ele conseguiu nos transmitir, para meus irmãos e para mim, a felicidade de ser um pouco do seu Sergipe.

Querido pai e grande amigo, estou aqui em sua terra e esta exposição é em sua homenagem.

Ultima Atualização: 21/12/2010