Entrevistas

MÁRIO BRITTO: UM GUARDIÃO DAS ARTES VISUAIS EM SERGIPE
13/09/2026 - Mário Britto

Como foi o trabalho de produção de um livro tão especial quanto esse?

 – Posso dizer que não é nada fácil, pelo contrário é indiscutivelmente muito trabalhoso, sobretudo, em relação à dificuldade de viabilizar recursos para a concretização de um projeto cultural. É uma luta hercúlea encontrar parceiros que compreendem a relevância da realização desses projetos.

O que o motivou a produzir o livro e a exposição ‘Coleção Mário Britto’?

 – O desejo de compartilhar a minha coleção com a sociedade em geral. A arte não pode permanecer aprisionada a ninguém, ela deve estar livre para cumprir o seu papel: que é ser contemplada! Por essa razão, nós, colecionadores de artes, por sermos meros guardiães de nossas coleções, não podemos deixar de exibi-las, ainda que incorramos nos inevitáveis riscos da exposição pública.

Qual o diferencial desse projeto?

 – Neste livro, além das obras e suas respectivas especificações técnicas, apresento um breve histórico com cronologia de cada um dos 50 artistas selecionados; e, ainda, um projeto educativo elaborado por Josevanda Franco objetivando levar às escolas conhecimentos e saberes sobre os artistas sergipanos.

Quando surgiu a ideia de lançar um livro em homenagem a 50 artistas, através de obras que retratam mais de 200 anos de arte em Sergipe?

 – Completo 50 anos hoje e por isso achei simbólico escolher 50 artistas sergipanos ou artisticamente como tal considerados e presentear a sociedade com um livro que apresentasse as suas obras e um pouco da biografia de cada um deles. Compartilhar a minha coleção com todos, nesse momento divisor de minha vida, sem dúvida, será o melhor presente que poderia ter nesse meu aniversário.

Quais foram os critérios para selecionar os 50 artistas e as obras do livro "Um sentir sobre as Artes Visuais em Sergipe"?

 –  O critério objetivo que usei para realizar esta difícil missão de eleger 50 artistas foi simplesmente o fato de possuir alguma obra desses artistas em minha coleção. Deixo claro que não estou elegendo os melhores 50 artistas, o livro não tem e nem poderia ter essa pretensão. Não devem, portanto, os demais artistas, não mencionados no livro, sentirem-se excluídos, apenas deixei de contemplá-los, nesse momento, por não possuir alguma obra de sua autoria em meu acervo. Nada obsta, em outras edições, que seja festejada a chegada de novos artistas.

Nós conte mais um pouco sobre o livro "Um Sentir Sobre as Artes Visuais em Sergipe". Qual o objetivo do livro?

 – Penso que os colecionadores não devem restringir as suas coleções às pessoas de sua particular convivência. Compartilhar uma coleção com a sociedade deve ser um compromisso dos colecionadores, na verdade, mero guardiões de suas coleções. Esse livro traz em seu bojo a mensagem de que a arte é pública e contemplá-la é um direito de todos. Acredito que ação dessa natureza incentiva o saudável hábito de formar acervos bem como encorajam os colecionadores a exporem as suas coleções.

Você particularmente possui algum critério para escolher uma obra de arte?

 – Sim, para eu adquirir uma nova obra de arte é necessário que ela me emocione, toque o meu coração... sou convencido de que todas as obras são destinadas a encontrar o seu dono, esse momento é uma questão de tempo e oportunidade. Comungo como o Cândido Portinari “uma pintura que não fala ao coração não é arte, porque só ele a entende”.

Ser colecionador é uma opção pela divulgação da arte, um investimento ou um prazer?

 – Mário Britto — Talvez a comunhão dessas opções, mas o essencial para um colecionador é o prazer em adquirir uma obra cobiçada e, nessa medida, propagar a divulgação da arte. É indiscutível que a arte é, também, um bom investimento, mas essa não é a minha maior motivação, aliás, mesmo sendo art dealer, tento não valorizar esse aspecto. A arte é arte e pronto! Vale por ela e não precisa necessariamente ficar a mercê das variações mercadológicas ou das intervenções de modismo.

Você tem em vista novos projetos?

 – Sim, para esse ano, farei a curadoria de dois projetos culturais, um para a Gráfica J. Andrade e outro para a Gráfica Sercore, organizarei, também, o livro de meu irmão Cezar Britto que terá ilustrações de Leonardo Alencar. Para 2014, já estou com três projetos em curso, serão três livros: "Ismael Pereira, artífice do belo" - a ser realizado na Embaixada do Panamá, em Brasília/DF; um sobre a arte de Anselmo Rodrigues e outro sobre Fábio Sampaio, este comemorativo aos 20 anos de carreira do artista.

 
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