O fotógrafo Alejandro Zambrana
abre no próximo dia 13 de novembro, na Galeria Jenner Augusto, da Sociedade
Semear, a exposição Peleja. A mostra traz um recorte da documentação
fotográfica realizada há mais de uma década, em Laranjeiras, enfocando o
tradicional festejo do lambe-sujo e caboclinho, que encena todos os anos, no
segundo final de semana do mês de outubro, a batalha entre negros e índios pela
conquista das terras da região do Vale do Continguiba. A exposição tem o patrocínio
da Petrobras.
A aproximação do fotógrafo com os
rituais ocorreu há onze anos, quando ele acompanhou um grupo amigos para
conhecer o festejo. Fisgado pelo significado das celebrações, ele se debruçou
sobre os bastidores da produção da
festa, os personagens, os detalhes das vestimentas e adereços dos brincantes, a
movimentação dos visitantes, o desdobramento dos cortejos, a força da batalha
final e as transformações que ocorreram na encenação ao longo da última década.
Uma parte desta documentação será
exposta em Peleja, que conta com 15 imagens que propõem uma leitura da
documentação em três eixos que norteiam o desenvolvimento do festejo: Ciclo,
Ritual e Herança. A curadoria é da fotógrafa Ana Lira, que propõe junto com
Zambrana uma discussão importante sobre a sobrevivência dos rituais religiosos
e culturais populares. O resultado do trabalho mostra a força de um encenação
com mais de um centenário de existência e a paixão de uma cidade por um de seus
mais simbólicos patrimônios culturais.
A vitalidade deste contexto ganha
ainda mais força por meio da escolha estética do Zambrana, que desenvolveu todo
o trabalho usando tipos de filmes positivos (slides) que têm, entre suas
características, o reforço das cores dos objetos fotografados. Como a cor é um
dos principais traços da pesquisa fotográfica de Alejandro Zambrana e também um
dos códigos de representação dos rituais dos lambe-sujos e caboclinhos (preto
para os lambe-sujos e vermelho para os caboclinhos), enfatizada por meio do
poder visual e sensorial dos seus ornamentos, ela não poderia ser
desconsiderada na apresentação da mostra.
Peleja fica em exposição até o
dia 13 de dezembro e tem entrada gratuita. O horário de visitação é de
segunda-feira à sexta-feira, das 9h às 19h.
Breve Biografia
Alejandro Zambrana é fotógrafo,
formado em Rádio e TV pela Universidade de Pernambuco. Realiza trabalhos como
freelancer para as revistas Continente, Carta Capital, Veja, Raiz e para
instituições como o Instituto Ayrton Senna.
A fotografia documental, contudo, é a grande paixão do fotógrafo. Nos
últimos dez anos, ele já realizou trabalhos que enfocaram o circuito das
romarias do Juazeiro do Norte, o ritual dos festejos de Lambe Sujos e
Caboclinhos, que encenam a ocupação das terras indígenas do Vale do Cotinguiba
em Sergipe por povos de etnias negras e o cerimonial das Taieiras. Além da
cultura popular, o fotógrafo também esteve documentando os vestígios da extinta
Casa de Detenção de Sergipe, que foi desativada em 2007.
Seus trabalhos já foram expostos nas cidades do Rio de Janeiro, Recife, Olinda,
Juiz de Fora, Santa Maria, Laranjeiras e Aracaju e ele participou de diversas
mostras coletivas, como a Olhavê-Perspectiva, realizada em setembro de 2011, no
Paraty em Foco. Zambrana foi segundo colocado no Concurso Fotográfico “A Cor do
Brasil”(2012), foi menção honrosa na categoria cor no 8º Concurso Leica
Fotografe (2011), no 31º Concurso Fotográfico da Cidade de Santa Maria (2011) e
finalista dos concursos Prix Photo Web 2011, Leica-Consigo Fotografe (2007) e
Leica-Agfa Fotografe (2005 e 2004). Foi finalista ainda do 8º Salão Nacional de
Fotografia “Pérsio Galembeck” e do I Salão de Fotografia de Aracaju. Tem
trabalhos publicados no site Perspectiva, dos editores Alexandre Belém e
Geórgia Quintas, na coletânea Linguagens 2008, lançada em Recife com curadoria
de Juarez Cavalcanti, além de portfólios destacados nas revistas Continente e
Aracaju Magazine.
Alejandro Zambrana também é um dos integrantes do Trotamundos Coletivo e da agência de fotografia independente Caju. Pesquisa o uso da cor no discurso
fotográfico, em especial por meio do uso de filmes positivos (slides). A maior
parte de seu trabalho de documentação é desenvolvida em filme, embora a
fotografia digital também apareça como suporte de seus trabalhos e no cotidiano
de repórter fotográfico.
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