ARACAJOUBERT – EXPOSIÇÃO, LIVRO, DOCUMENTÁRIO E SHOW

No próximo dia 21 de março (quinta-feira), a partir das 19 horas, no Espaço Cultural Semear, acontece a abertura da exposição e lançamento do livro sobre a vida e obra de Joubert Moraes. A grandiosa noite vai apresentar a várias faces do artista sergipano, que transita pela pintura, escultura, música, dramaturgia e outras produções. Na mesma noite será exibido o documentário sobre a trajetória do artista e ainda haverá um grande show musical. AracaJoubert é uma realização da Sociedade Semear, com o patrocínio do Governo de Sergipe, através do Instituto Banese, e apoio da Editora Diário Oficial, e com curadoria do amante das artes, Mário Britto.

Na exposição serão apresentadas pinturas e esculturas que a mais de 40 anos encanta o Brasil e o mundo. O livro irá catalogar diversas fases de Joubert Moraes, com o depoimento de pessoas de renome local e nacional, que exaltaram a importância do trabalho de Joubert.

 “AracaJoubert” não é apenas um neologismo poético, é mais do que isso, é a revelação de que Aracaju e Joubert são sinônimos, fundem-se em uma só palavra, em uma só história; são versos de um mesmo poema, cores de uma mesma pintura”, comenta Mário Britto.

QUEM é JOUBERT

NASCIDO SOB O SIGNO DA ARTE

Joubert nasceu no dia 13 de dezembro (dia de Santa Luzia) de 1947, às margens do rio São Francisco, na cidade de Propriá. Filho do poeta João Teixeira de Moraes e de Dona Júlia. 

Veio ao mundo "empelicado" (um tipo de placenta mais grossa, quase uma pele) e segundo a crendice popular, é um sinal de clarividência.  O nome já era artístico, Joubert era o pseudônimo usado por Seu Teixeira em seus poemas e crônicas.

Viveu em Propriá, até os sete anos, quando se mudou com a família para a capital Aracaju. Aos treze anos já esboçava seus primeiros quadros. Ele os pintava por cima das telas da irmã mais velha, Gêlda Maria, que acabou desistindo da carreira e doando seus pincéis, telas e tintas ao jovem artista.

Na adolescência freqüentava a Galeria Acauã, o atelier de Florival Santos e J. Inácio. Os cadernos sempre tiveram mais desenhos do que lições.

 Logo as paredes da casa da Rua Maruim viraram uma exposição permanente. Eram conferidas tanto por intelectuais, escritores e poetas que visitavam seu pai, como por socialites que freqüentavam o salão de sua irmã Leninha. Todos incentivavam o jovem artista. A primeira tela que Joubert pintou, foi o velho viaduto de Propriá, imagem muito marcante de sua infância.

 No final dos anos 60, foi para Salvador fazer o Curso Livre de Arte com o professor Juarez Paraíso, na Escola de Belas Artes. A Bahia lhe trouxe novas perspectivas, através de Aleixo Belov, navegador solitário, e Lev Smarscheviski, pintor russo. Descobriu a abstração. Luiz Jasmim, Tatty Moreno, Fernando Coelho faziam parte do núcleo de artistas que então, estava se formando.

Em 1968 aconteceu sua primeira exposição individual, na Galeria de Arte Álvaro Santos, onde trinta telas, entre elas: casarios, alagados, abstratos e figurativos compunham a mostra. Segundo Ezequiel Monteiro, advogado e jornalista sergipano, "o colorido mágico do abstrato Roda Viva, com uma estrutura de cores primorosamente construída e unificada para a significação, dá ao observador essa sugestão de uma partida para o alto e esse sentimento de futuridade tipicamente tropicália, porque Joubert Moraes soube dispor as figuras entre si e no espaço geral do quadro com a engenhosidade e o poder inventivo dos artistas natos”.

Joubert fez parte de uma geração revolucionária no campo das artes. Expoentes como Mário Jorge e Ilma Fontes florescia na poesia e Alcides Melo, Marcos Preto e Sérgio Botto, na música.

 Precursor de um movimento de Arte Performance surgido no início da década de 70, Joubert dirigiu o espetáculo Vôos Mitos Coloridos, uma mistura de música, dança e poesia. Trazia no seu elenco 26 atores, nomes conhecidos no cenário cultural sergipano como: Walquiria e Walmir Sandes, Amaral Cavalcante, Lânia Duarte, Hugo Julião. Os textos de Marina Coulassanti, Rimbaud, Mário Jorge, Moacir Felix, Gilza Borges eram lançados em meio às coreografias e performances.

Em 76, no Festival de Arte de São Cristóvão, ocupando uma antiga e abandonada igreja, montou sua mostra de pintura. Chamou os amigos: músicos, fotógrafos e dançarinos para juntos criarem uma ambientação para toda a igreja, o que ia, gradativamente, acontecendo através da ocupação do espaço com arte total.

A performance foi chamada de Circo Mágico. O público teve a oportunidade de ver uma oficina viva e interativa de criação. Joubert pintava, amigos dançavam, tocavam, faziam fotos para audiovisuais e processos de fotolinguagem, num registro vivo de arte.
Nos anos 80, expôs no Meridien em Salvador. Ganhou prêmios de pintura e escultura no nosso estado. Realizou a primeira versão da Exposição Aracajoubert, na galeria Álvaro Santos.

Fez vários cenários para shows e espetáculos, entre eles os dos shows Anjo Claro e Trilha Clara, de Clara Angélica; o do espetáculo Dança Brasil, do Studium Danças; e o das peças Vôos Mitos Coloridos e Kilombo: Som do Morro Branco.

 A decoração do carnaval do Iate Clube de 1990 também teve a assinatura do artista que usou e abusou do efeito dos plásticos e transparências, relembrando Felini com seu mar de plástico. Transformou o clube em um verdadeiro “Mares Daqui”.

Nos anos 90, Joubert expôs em Aracaju, Salvador, Porto Alegre. Sua produção foi muito intensa nas três expressões de arte. Pintou muito, dedilhou melodias e apurou o tato com suas esculturas em terracota.

Suas telas e a reprodução de “cristo ainda apaixona” podem ser encontradas por toda a Aracaju, em residências, consultórios, escolas, escritórios, edifícios, hotéis, no hall da secretaria de cultura, no Tribunal de Contas do Estado.

Mas com certeza seus quadros e esculturas ultrapassaram os limites sergipanos. Podemos encontrar obras de Joubert espalhadas em várias cidades do mundo. Rio de Janeiro, Lima, Salvador, New York, Florianópolis, Paris, Fortaleza, Dakar, São Paulo, Lisboa, entre outras.

“Parte da matéria-prima para os seus quadros encontra-se na sua própria casa. Quem a freqüenta o sabe. Basta olhar o seu jardim, regado por ele todos os dias. Como ele mesmo diz, ‘depois de molhar as plantas, sinto-me feliz’. Não é para menos. Tem-se ali uma porção bem cuidada da natureza tropical, com espaços para espécies trazidas de sua última viagem à África. Não seria exagero dizer que sua casa também é recriada por sua arte, um museu vivo. Não só por causa de seu ateliê, mas também devido ao remanejamento constante da decoração: esculturas, bustos, quadros, livros de arte, móveis coloniais, etc. Nada lembra o bom gosto catalogado dos novos ricos.

 Reina a sobriedade sofisticada, de acordo com seu espírito, que não é propriamente burguês, mas aristocrático e nobre. Sua preocupação não é com a mais nova geração de eletrodomésticos, mas com a qualidade estética dos moveis e adornos que figuram sua casa. Não bastasse o prazer de contemplá-la e a inspiração que ela proporciona, quem a visita pode ainda ouvi-lo ao violão, entoando suas composições . Outra de suas artes, tão multiforme e colorida quanto os seus quadros”. (Lúcio Menezes, mestre em educação).

“Pintor é aquele que inspira outros pintores”. (Salvador Dali, 1982:22). Criador de uma técnica (pintar com os dedos aliados a um pano), foi fonte de inspiração para vários artistas sergipanos, entre eles Luís Mangueira, Dionéa, Humberto e Pithiu.

Notívago por natureza, escolheu a noite  como sua amiga. Somente no silêncio da madrugada consegue inspiração para sua arte tão múltipla e  revolucionária. Parafraseando  Willian Blake, o pintor visionário, Joubert diz: todo aquele que persiste na sua loucura termina sábio.


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