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Histórico e Participação do 3º Setor em Sergipe: Reflexões Necessárias Waldson Costa
A partir da década de 70 a noção de Sociedade Civil teve um avanço na sua concepção e na sua interpretação conceitual. Isso pode ser justificado pelo amadurecimento dos movimentos políticos e democratizantes da Europa do Leste, da Ásia e da America Latina onde percebe-se o surgimento e a discussão de termos como auto-gestão,independência,cidadania e participação social associados ao conceito de Sociedade Civil.
O impulso destas discussões, trouxe uma nova forma de pensar sobre sociedade ligada a uma perspectiva de igualdade de direitos,desenvolvimento sustentável, autonomia, direitos civis, políticos e sociais que geraram a necessidade de todos saberem que devemos nos “organizar” para alcançarmos objetivos comuns. Historicamente,esta condição politica, torna-se objetivo para ativistas sociais e ambientais do “2º e 3º Mundo” e transforma a noção de sociedade civil não apenas para o Estado, mas também na concepção do mercado.
Trata-se de uma nova dimensão da vida pública, diferente de governo e de mercado, que ao invés de criar um campo de batalha pelo poder hegemônico e político, busca o nascimento de um pensamento oposto onde prevalecem os valores da solidariedade,cidadania e busca constante da sustentabilidade ambiental.
Dentro desta perspectiva, que um grupo de pessoas se reuniram para criar meios e/ou formas de atuar coletivamente com objetivos semelhantes, onde cada um com sua forma de participação e dedicação diferenciada almeja por em pratica uma nova forma de sociedade, diferente daquela imposta como única entre Sociedade Civil, a Esfera Privada(entendida como economia) e Estado (entendida como esfera pública).
Existe agora o caminho de uma esfera pública não-estatal, constituída pelas ONG`s, Associações e Movimentos Sociais onde são privados pela sua origem, mas públicos pela sua finalidade que promovem a articulação entre a esfera pública e o âmbito do privado isento de relações partidárias, mercantis e corporativas.
O papel das ONG`s tornaram-se importantes peças de apoio e execução de politicas públicas de desenvolvimento social e ambiental que o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) estima que aproximadamente 250 milhões de pessoas foram beneficiadas com as ações deste setor nos planos locais, nacionais, regionais e internacionais.
Na área ambiental as ações das ONG`s em Sergipe, resume-se na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento local e territorial, ações de conservação de mananciais e recuperação florestal em corpos hídricos para o abastecimento humano, ações de Educação Ambiental e Organização Comunitária em comunidades rurais , fortalecimento de Conselhos Gestores de Unidades de Conservação e atividades afins. Estas ações trazem uma nova forma legitimidade do que o 3º Setor representa no estado, como também mostra a força e o poder de mobilização existente com outras organizações e setores do país.
Com a prática destas atividades as contradições acabam surgindo e questões relativas a: Como e Com Quem o 3º Setor deve se relacionar para manter seus princípios e concepções, torna-se um difícil exercício para a sua sustentabilidade financeira e continuidade de profissionais de alto nível na instituição. Esse assunto pode ser justificado pela concepção de que o modelo de economia vigente tem no seu teor a desigualdade social e distribuição diferenciada de bens e renda. Por isso, cada vez mais a Organizações da Sociedade Civil devem buscar investimentos e projetos que possuam desde o seu financiador até o público atendido, a representatividade social paritária e uma postura ética pautada na cidadania e sustentabilidade socioambiental.
Cada vez a mais assuntos referentes a catástrofes e desequilíbrios ambientais entram em pauta de encontros de chefes de estado, pesquisas acadêmicas e segmentos de mercados globais e os Movimentos da Sociedade Civil Organizada devem estar atento para não ser engolido com a falsa ideia de que o avanço econômico e criação de novos nichos de mercado sobreponham as suas matrizes ideológicas.
A eterna busca pela construção e desconstrução de uma sociedade justa e equilibrada no âmbito social,cultural,econômico e ambiental continuará sendo o “combustível” para as reflexões de quem vive o dia a dia de uma organização do 3º Setor no Estado de Sergipe.
José Waldson Costa de Andrade. Diretor de Meio Ambiente da ONG OSCIP Sociedade Semear Maio de 2011.
Ultima Atualização: 02/06/2011
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