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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE COLETA SELETIVA INCLUSIVOS NO BRASIL. Mateus Mendonça
São Paulo, 13 de abril de 2012.
A gestão dos Resíduos Sólidos é um dos principais desafios para as administrações públicas municipais ao longo dos próximos anos. No mês de agosto expira o prazo para elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, instrumentos de planejamento e controle exigidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n. 12.305/10) e sem o qual, as cidades brasileiras correm o risco de não receber recursos públicos federais.
A atual conjuntura motiva uma reflexão quanto aos direitos, deveres, incentivos e desafios que o poder público, os trabalhadores, as empresas, os consumidores e a sociedade em geral enfrentarão para o encaminhamento das questões que cercam o lixo!
A gestão de resíduos sólidos e a cadeia da reciclagem, especialmente nas economias menos desenvolvidas ou em desenvolvimento, podem ser motor do desenvolvimento sustentável, equilibrando os aspectos sociais, econômicos, ambientais e influenciando uma nova cultura e padrão de relações da sociedade.
Para isso, as atividades de apoio às cooperativas de catadores precisam orientar-se para o desenvolvimento do potencial humano dos catadores de materiais recicláveis.
Na posição de empreendedores natos, esses trabalhadores buscam apoio para o desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades para que, num futuro próximo, realizem a gestão de centrais de reciclagem automatizadas como as Material Recovery Facility, da América do Norte e Europa.
É urgente a construção de uma coalisão intersetorial para o estabelecimento de um modelo de gestão social no mercado de resíduos sólidos. O desenvolvimento desse setor tem a oportunidade de incluir milhares de trabalhadores e trabalhadoras pelas cidades do Brasil, da América Latina e do mundo.
Um sistema inclusivo de gestão dos resíduos sólidos municipais deve contar com a participação e remuneração dos empreendimentos de catadores. Os produtos e serviços de uma cooperativa podem ser desde a realização da coleta e segregação dos materiais até mesmo a realização de campanhas de mobilização, engajamento e educação ambiental.
Catadores organizados ou em processo de organização dever ser protagonistas do processo de planejamento de seus projetos, no entanto, é fundamental a aproximação de seus desejos das exigências técnicas e legais para a construção de um sistema eficaz e viável.
Nesse sentido, algumas dimensões são centrais para o planejamento das atividades de assessoria e formação às organizações de catadores. Listo abaixo algumas que considero essenciais:
a. Gestão Administrativa e Financeira; b. Operações & Logística e Comercialização; c. Educação Ambiental; d. Parcerias e Prestação de Serviços; e. Qualidade de Vida e Relacionamento; f. Apoio Jurídico e Contábil
Ainda assim, um trabalho de ampla abordagem deve prever o apoio ao planejamento e a formação dos gestores públicos na elaboração de Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS.
De forma paralela e integrada ao apoio direto a uma organização de catadores, é necessário articular e participar do desenvolvimento e implementação dessa política pública, delineando um fator de mitigação dos riscos de insucesso das próprias associações/cooperativas e aumentando o controle social na governança do município.
Por fim, o apoio à atuação em redes de comercialização fecha mais uma lacuna para o alcance do equilíbrio financeiro das cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Atualmente, além da falta de remuneração de seus serviços, o baixo acesso a mercados e tecnologias impede a comercialização de forma direta com a indústria de reciclagem e consequentemente a comercialização dos seus produtos acontece a preços que não oferecem viabilidade aos negócios solidários dos catadores.
FONTE: http://cataacao.org.br/blog/ - Ultima Atualização: 11/07/2012
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