Os
jovens da turma “B” do Programa Petrobras Jovem Aprendiz (PPJA) – 5ª edição
realizaram um júri popular simulado, no dia 25 de agosto, baseado no caso Waris
Dirie*. Coordenado pelo educador Danilo
Reis, a atividade teve a proposta
de fomentar o protagonismo juvenil por meio da discussão de temas pertinentes à
sociedade, desenvolvendo o senso crítico dos alunos, ampliando suas
competências e habilidades no âmbito da argumentação, oralidade, persuasão,
organização de ideias e respeito à opinião do outro, por meio de discussão de
temas como direitos sexuais e reprodutivos e outras temáticas. Os aprendizes da
turma representaram as testemunhas, advogados, promotores, o educador Danilo
representou o juiz e convidados foram os jurados do caso.
O jovem
aprendiz Lucas Jesus de Andrade, disse
que “foi interessante e desafiados participar como testemunha de defesa. Tive
que me dedicar ao estudo do caso de Waris Dirie para poder defende-la e
formular minha fala”, comenta.
Para Antônio Giliardo Firmino, que atuou
como promotor de acusação a atividade foi “desafiadora, pois teve que pesquisar
muito sobre o caso, entrei em fórum de debates na internet sobre o caso Waris e
outros casos pra poder entender o papel que eu representaria. Estudei sobre a cultura
da África, o papel da mulher, sobre a pobreza naquela região. A atividade
serviu também para que eu pudesse perder o medo de falar em publico”, explica o
jovem.
Albert Italo Silva Santos, que atuou como oficial de
justiça e escrivão disse que “foi algo interessante participar principalmente
como oficial de justiça, intimando os jurados. Fiquei nervoso e também achei
interessante a reação das pessoas ao receberem ima intimação, algumas levaram
um susto achando que seria algo real, quando na verdade foi uma simulação”,
explicou Ítalo.
Daiane de Almeida Ramos, atuando como advogada de defesa ressalta que estudou muito para construir o texto e incorporar o personagem. "Estudamos e
fizemos uma base pra elaborar o texto e ensaiar a defesa. Assisti o filme e li sobre a biografia de Waris e elaboramos a
carta de defesa. A experiência foi boa de falar em publico e defender um pessoa", disse Daiane.
O
educador Danilo Reias explica que a atividade serviu para envolver o corpo
docente e discente do PPJA, buscando a construção de um saber permanece
envolvendo a pesquisa, oratória, construção de texto, ensaios e discussões.
Toda a
atividade faz parte da etapa de formação básica do Programa, executada pela Semear
que tem por objetivo o desenvolvimento pessoal e social dos jovens bem como a
preparação dos mesmos para ingressarem nos cursos de formação profissional que
serão oferecidos pelo Senai na etapa de formação profissional do PPJA.
*O
CASO WARIS DIRIE
A historia de Waris Dirie ficou
conhecida em 1997, em uma entrevista para uma famosa publicação feminina.
Também foi retratada no livro Flor do Deserto e no filme de mesmo nome. Nessa
época, Waris já era uma supermodelo e a publicação a procurou para que ela
contasse sua história de “menina nômade da África que havia se tornado uma
modelo mundialmente famosa”.
A história de Cinderela que vende bem e
com a qual as mulheres em geral gostam de sonhar. Para surpresa da
entrevistadora, não era exatamente essa a história que Waris tinha para contar.
Por volta dos 5 anos de idade, Waris passou pelo procedimento de mutilação tão
comum em sua comunidade. Seu pai contatou a “profissional” que o faria e sua
mãe a preparou para o que aconteceria no dia seguinte. Ela foi levada a um
lugar mais ermo no deserto e com uma lâmina suja, que a “profissional” limpou
com a própria saliva e nas próprias roupas, Waris teve seu clitóris removido,
juntamente com os pequenos e grandes lábios. As partes restantes foram
costuradas e foi deixado um pequeno buraco, em suas palavras “do tamanho de uma
cabeça de fósforo” para que ela pudesse urinar e, mais tarde, para escoar o
sangue menstrual. Tudo feito sem nenhuma anestesia. Ela ainda passou algumas
semanas com as pernas amarradas para facilitar a cicatrização.
O procedimento sofrido por ela é
conhecido como infibulação. Há outras práticas de mutilação. Entre outras,
algumas removem o clitóris e seu prepúcio, sem remoção dos lábios e sem
costuras. A mutilação é condição vital para uma menina em sua comunidade, já
que sem ela é praticamente impossível arranjar um marido. A cirurgia é um dos
mais altos investimentos que as famílias fazem em suas filhas; o retorno,
economicamente, é importante. Vender as filhas para um candidato a marido é uma
das poucas fontes de renda que essas famílias têm ao longo de suas vidas. Uma
mulher não mutilada é considerada impura e vista como indigna para o casamento.
É uma cultura na qual não há lugar para mulheres que não se casem. Por isso,
todo esforço possível é feito para que as meninas se tornem passíveis de se
tornar esposas. Uma menina não mutilada não terá nenhuma chance.
Por volta dos 12 anos de idade, o pai de
Waris lhe arranjou um marido – um sexagenário que já tinha outras esposas e que
estava disposto a “pagar” algo como 5 camelos pela menina. Ela foi apresentada
a seu marido e, no dia seguinte, descalça e com a roupa do corpo, atravessou o
deserto da Somália para alcançar a capital, Mogadíscio, em busca de uma irmã
mais velha. De lá, teve a chance de ir morar em Londres na casa de um tio que
era embaixador, trabalhando como sua empregada. O tio voltou mais tarde para a
Somália e ela permaneceu em Londres, trabalhando como faxineira numa
lanchonete. Foi descoberta por um famoso fotógrafo e, dona de um perfil
considerado absolutamente fotogênico, tornou-se modelo mundial. |
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