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Elaboração de Projetos Sociais – Um Desafio para a Sociedade
Saumíneo da Silva Nascimento

A conscientização crescente da sociedade brasileira no sentido de uma busca permanente de novos padrões de vida e bem-estar, preconizada pelas imperfeições do livre mercado e pelas divergências entre os custos privados e sociais dos projetos, revela uma necessidade de aprofundamento de um assunto recorrente nas organizações pertencente ao terceiro setor :

Como elaborar bons projetos sociais?
A própria elaboração de bons projetos públicos e privados ainda não possui literatura suficiente no nosso país, que oriente de forma coerente a abordagem dos méritos e riscos de novos investimentos no primeiro setor, aquele no qual a origem e a destinação dos recursos são públicas e, no segundo setor, correspondente ao capital privado, que sempre reverte a sua aplicação em benefício próprio. Nos projetos do terceiro setor, constituído pela esfera de atuação pública não-estatal, formado a partir de iniciativas privada, voluntárias e sem fins lucrativos, no sentido do bem comum; a abordagem discriminatória de informações deve ser muito mais rigorosa.
Para a implementação de um projeto social, quatro premissas são fundamentais : os objetivos, a viabilidade, as pessoas envolvidas e os recursos que somados à fundamentação técnica da elaboração, execução, avaliação e acompanhamento, devem demonstrar os méritos a serem atingidos e, em geral buscam a resolução de problemas sociais.


Infelizmente as vezes as organizações financiadoras de projetos sociais rejeitam o apoio, face a má elaboração, pois muitos apresentam o projeto social, como mero documento de declaração de boas intenções e não como um instrumento prático a serviço de uma sociedade carente, construído a partir de um quadro lógico, onde os elementos proporciona uma visão clara da relação das atividades do projeto com os produtos requeridos para alcançar os objetivos propostos. Sabe-se que a maioria das organizações sociais elaboram projetos para captarem recursos, porém os órgãos financiadores, apresentam diversas pré-condições para uma análise preliminar, portanto ao elaborar um projeto social, deve-se pensar com muita atenção para qual instituição financiadora o projeto será mais adequado, ou se há a necessidade de uma elaboração de diferentes modelos, para a busca de fontes alternativas.


Um conforto para os elaboradores de projetos sociais é de que a prática da cidadania empresarial e da responsabilidade social hoje é cada vez mais difundida entre os principais atores do desenvolvimento no nosso país, o que possibilita boas perspectivas de captação de recursos. E isto está associado fortemente a um novo conceito empresarial, difundido nas áreas da economia e da administração a “responsabilidade social corporativa”. Este conceito está associado à noção de sustentabilidade, que busca conciliar as esferas econômica, ambiental e social, municiando uma concepção de que as empresas possuem responsabilidade social. Com este novo conceito, as empresas estão sendo impulsionadas a dotar o apoio a projetos sociais e, estes, são abordados no Balanço Social, que é uma publicação com um conjunto de informações e de indicadores dos investimentos e das ações realizadas pelas empresas no cumprimento de sua função social junto aos seus funcionários, aos governos e às comunidades que interagem com a empresa, o balanço social inclusive é uma das principais fontes de atração de investimentos estrangeiros e imagino que no futuro afetará significativa o valor das empresas no mercado bursátil.


Portanto, cresce bastante o campo de atuação dos elaboradores de projetos sociais e, aumenta mais ainda responsabilidade da apresentação de projetos coerentes, viáveis e com indicadores passíveis de medição e acompanhamento. Sugiro que a ordenação seja feita da seguinte forma : Uma apresentação das ações que serão realizadas; uma fundamentação das necessidades das ações de acordo com um diagnóstico da realidade vivenciada na comunidade; uma definição bem objetivo da população-alvo e o entorno da sua influência; os objetivos gerais e específicos do projeto social, definindo para que servirá o projeto; a metodologia de implementação do projeto, como o projeto será implantado; quais os recursos necessários, ou seja, o quadro de usos e fontes e um cronograma, não só de implementação, mas de percepção da mudança requerida e prevista, com a apresentação de relatórios parciais de acompanhamento.


Dessa forma, imagino que o desafio de apresentar um bom projeto social poderá ser enfrentado, não esquecendo em nenhum momento, a necessidade do envolvimento da comunidade a ser beneficiada, para que a transformação social tenham uma forma continuada e benéfica.


Economista e Mestre em Geografia, Professor Substituto no Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe e Analista de Negócios do Banco do Nordeste

Saumíneo da Silva Nascimento

Ultima Atualização: 28/12/2010

 
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