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NOS ALPENDRES DA VIDA
Cezar Britto

Tenho a impressão de que toda idéia concebida pelo homem, independentemente da época em que tenha vivido, guarda relação direta com o seu poder de sintetizar as idéias que giram à sua volta. O resultado desta síntese pode até ter o sabor da originalidade, mas não se pode negar que os temperos utilizados já eram preexistentes. O prato servido por uma idéia sempre traz o charme da mistura de vários elementos.

Eis porque nunca acreditei que o homem é um projeto pronto e acabado, ou melhor escrevendo, que o homem já nasce perfeito ou predestinado para tal e determinado fim. Ao contrário, eu acredito na idéia de que o homem é o somatório de sua vida com aquelas adquiridas através do ensinamento, da herança ou pelo relacionamento com o alheio. Tenho a plena consciência de que não sou perfeito ou mal acabado, mas um projeto em constante ebulição e evolução, ou em outras palavras, eu sou o que herdei, conheci, adquiri, aprendi, errei, sintetizei, amei e construirei no percorrer da vida.

As matérias e idéias que semanalmente publico nesta coluna bem retratam o que estou a afirmar, pois são os resultados das minhas conversas nos alpendres da vida. No caso, os alpendres que utilizei para conversar sobre a vida foram infinitos, mesmo porque a vida é plural, não excludente e tem o gostoso vício da paixão. Nestes alpendres, convertidos em uma coluna semanal, eu aprendi, ensinei, sintetizei, discordei, fui convencido e, por fim, fixei mais um tijolo no edifício da minha vida.
Por serem conversas e não monólogos, não é necessário dizer que também várias pessoas freqüentaram os alpendres da vida exposta nesta coluna, o que as tornaram também senhoras do que expus. E olhe que alguns dos meus interlocutores sequer trocaram um dedo de prosa comigo, mesmo porque nunca souberam que eu existia. Mas conversas são assim mesmo, surgem e desaparecem quando querem, não têm lógica ou assuntos definidos, algumas são motivadas pelas coisas do mundo, outras embaladas pelo ritmo do coração.

E como se tivessem adquirido o poder das ondas de rádio, nossas conversas semanais foram captadas pelos ouvidos do amigo-cearense Marcos Collares, que ousou editá-las em um livro. ``Nos alpendres da vida`` foi o único nome que imaginei para batizar o livro que abrigou parte destas conversas, cinqüenta ao todo, pois dedicado a todos aqueles que freqüentaram a minha varanda, mesmo que através dos modernos e carinhosos e-mails que recebi. Também é dedicado àqueles que me permitiu freqüentar os alpendres de suas próprias vidas, autorizando que fosse transferida para minha vida parte do que aprenderam ou viveram.

Mas devo admitir que algumas pessoas tiveram assento marcado nas cadeiras que integram as varandas da minha vida, todas elas importantes para que nossos diálogos ficassem consolidados no livro. Marluce, minha companheira de rede e mesa, é uma delas, mesmo porque sem ela não seria possível reproduzir os imperdíveis diálogos que mantive com os meus filhos Diego, Manuela, Gabriella e Ruan. Visitaram-me, também, vários familiares, conterrâneos, amigos e companheiros da Sociedade Semear, Advocacia Operária e OAB.

Um outro freqüentador da minha varanda foi Jozailto Lima, editor do jornal CINFORM, um dos grandes responsáveis pelo adormecer da timidez que, paradoxalmente, me prendia acomodado e sonolento na rede de minha sacada. Também foram assíduas proseadoras as amigas Edivania Freire, Ana Paula Vasconcelos e Waneska Cipriano, as duas últimas sendo responsáveis pela reprodução de nossas conversas de alpendres nas páginas mágicas da Internet, arquivando-as definitivamente nos ilimitados espaços da INFONET. Todos eles, sem exceção, me fizeram compreender que jogar conversa fora é também viver e construir novas vidas.

Na próxima semana, exatamente no dia 22 de setembro, às vinte horas, a Sociedade Semear, o CINFORM e a INFONET, como parceiros nas conversas que resultaram nas crônicas consolidadas no livro, farão o seu lançamento em Aracaju. Escolheram a Livraria Nobel, localizada no Complexo Cultural Sociedade Semear, na Rua Vila Cristina, nº 148, como o alpendre que servirá para a nova conversa. Eu, modestamente, convido a todos que já me honram com suas conversas e idéias, consolidadas ``nos alpendres da vida``, a continuarmos conversando, na próxima segunda ou no dia que desejarem mais uma vez papear.

FONTE: Cinform/Infonet - Ultima Atualização: 28/12/2010

 
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