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PRISIONEIROS DO LABIRINTO
Lílian França

O espaço urbano assume cada vez mais novas conformações, delineadas pelas mudanças dessa nossa sociedade contemporânea. As cidades misturam culturas, pessoas, sinais, odores, sensações táteis e ruídos, num ambiente extremamente caótico e disperso, mas que, ao mesmo tempo nos insere em caminhos rotineiros a serem percorridos.

Cidades em desenvolvimento, que crescem insistentemente, transformam-se em canteiros de obras, como Aracaju, que assiste ao surgimento de bairros inteiros em espaços de tempo cada vez mais curtos. Essa paisagem nos trás um novo fator de interferência, os tapumes das obras que se alinham às calçadas e descortinam um novo espaço de interferência.

Esses tapumes, aglomerados de madeiras, surgem como material descartável, refugo, sem serventia. Apenas olhos treinados, como os de um artista plástico, seriam capazes de ver para além dos muros, para além das chapas de madeira opaca e criar horizontes aonde antes ainda não havia nada alem de bi-dimensão.

A obra de Bené Santana rearranja as configurações urbanas e as transforma em obras intrigantes, que jogam com os nossos sentidos. Através de uma linguagem ao mesmo tempo densa e sutil. Estende fios num labirinto entrecortado por cotidianos. Os caminhos conhecidos são colocados em xeque e são vistos como labirínticos. Caminhos que nos aprisionam na medida em que nos levam e trazem para, quase sempre, os mesmos lugares. Lugares que não nos libertam, mas que Bené Santana, com sua sensibilidade, em seu traçado/trançado, nos envolve e joga para outras dimensões, sempre imbricadas à complexidade do hoje.


Lílian França
Pós-doutora em História da Arte-UNICAMP
Profª do DAC/UFS

FONTE: Catálogo Prisioneiros do Insconsciente - Ultima Atualização: 28/12/2010

 
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