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FLORIVAL SANTOS - ESTILOS E TENDÊNCIAS
ELIAS SANTOS

Por exercer as duas funções de retratista e pintura de gênero — das marinhas, paisagens, puxadores de redes até cenas de candomblé — Florival não ignorou o seu tempo! marcado pelas grandes transformações causadas pelos movimentos artísticos europeus do século XIX e XX.
Começou a produzir desde 1927, pintando a óleo as primeiras paisagens com temática dos bairros da tão nova capital do Estado, Aracaju, e sua cidade Propriá.
Na década de 30 fez contundente sua inclinação para o retrato e a amizade com o também artista plástico Jordão de Oliveira, além das visitas às coleções particulares para as longas apreciações dos trabalhos do virtuoso Horácio Hora.
No final dos nos 40 o artista estrategicamente traçou uma paralela entre as imagens negociadas (retratos) e as pinturas de gênero (paisagens, marinhas, figuras livres), recorte importante do perfil dos seus períodos e fases.
Durante toda sua vida de artista Florival conseguiu o equilíbrio entre esses estilos, não porque fosse um radical voltado para a desconstrução tampouco um acadêmico limitado por uma paleta escura. O mestre foi sobretudo um curioso e disciplinado observador da vida e da arte do seu tempo.
Dos IMPRESSIONISTAS aprendeu os efeitos de cor que a luz determina na matéria. Do PÓS-IMPRESSIONISMO alargou os planos das cores dessaturadas e os efeitos da luz, banhando as formas com um ocre dourado. Do EXPRESSIONISMO (Van Gogh e Munch como precursores) soltou a mão em grandes empastes, hora com pincel outras vezes com espátula, imprimindo um novo rumo às composições das marinhas e alagados, formas nunca vista na arte sergipana desde Horacio Hora, influenciando diretamente Jenner Augusto e as mais novas gerações. Do FOVISMO desmaterializou os planos com fortes contornos quase querendo esquecer todas as regiões da construção da forma e ressaltou os tons quentes de laranja e verdes ácidos. Do CUBISMO (tendência iniciada por Picasso e Braque) Florival só admirou o brasileiro paulista de Brodósqui, Candido Portinari. Florival misturou plantadores de arroz da sua Propriá querida com os planos geométricos banhados de um azul chapado, figura e fundo formando uma imensidão e pontos de vista contra as leis da perspectiva.
Trabalhadores, figuras contornadas, dessaturadas em tons de terra, siena e ocre! as cores. Cores da terra, terra Sergipe que com todas as sinalizações estilísticas Florival não esqueceu.

FONTE: Catálogo CENTENÁRIO FLORIVAL SANTOS - Ultima Atualização: 28/12/2010

 
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